Resumo

Para cada tonelada de metal extraído dos minérios, gera-se aproximadamente de 2 a 12 toneladas de resíduos de mineração, sendo um grande desafio ambiental para o setor (KINNUNEN & KAKSONEN, 2019). Por estas e outras razões que a questão do descarte e disposição de resíduos minerais recebeu enorme atenção da sociedade e governo, resultando em um dos maiores desafios atuais enfrentados pelo setor de mineração (QI; FOURIE, 2019). A utilização de tecnologias adequadas e a adoção de inovação ajudam a lidar com os desafios ambientais e atender órgãos reguladores (PIMENTEL et al., 2016).

O objetivo da presente pesquisa é analisar como a indústria de minério de ferro utilizam inovações e as tecnologias para fazer a gestão ambienta ligada ao reaproveitamento e disposição de resíduos de minério de ferro, de forma a refletir a respeito dos impactos ambientais e dos riscos para comunidades ao redor.

A indústria de mineração gera dois principais resíduos: estéril e rejeitos (NORGATE; HAQUE, 2013). A crescente preocupação mundial perante os impactos ambientais advindos dos rejeitos de mineração é uma importante pressão para que as indústrias do setor considerem alterações nos seus processos. Existem opções de tecnologias de processamento de rejeitos para redução da quantidade de água contida nos resíduos minerais (ARMSTRONG et al., 2019) diminuindo potenciais riscos de disposição ou a reutilização destes como matéria-prima em novos processos, convertendo em coprodutos para outros processos.

Para esta pesquisa utilizamos uma abordagem qualitativa descritiva, com método de estudo de casos múltiplos e como instrumento de coleta de dados a análise documental e as entrevistas semiestruturadas.

Identificou-se que as empresas estão se atentando mais em relação a investimentos em tecnologias que períodos anteriores, principalmente após os incidentes com barragens. Visto o potencial do uso de tecnologias para reaproveitar este material e recuperar valor deste resíduo, assim como as inovações para disposição mais segura do material, reduzindo riscos e impactos ambientais. Porém, identifica-se limitantes como o preço de operação que é alto e da escalabilidade, uma vez que ainda há a ponderação do custo-benefício das inovações ambientais e projetos de P&D.

As inovações ambientais apresentam-se como uma nova perspectiva para lidar com o alto volume de resíduos já dispostos nas minas, principalmente as tecnologias de desaguamento que facilitam a disposição e seu reaproveitamento, além de diminuir o risco de impacto ambiental. Porém há o desafio de tornar essas tecnologias escaláveis ao volume atual de rejeitos e aos investimentos destas tecnologias. Pois, ainda existe o equacionamento do custo-benefício das inovações ambientais para gestão ambiental eficiente das empresas.

ARMSTRONG, M. et al. Accounting for tailings dam failures in the valuation of mining projects. Resources Policy, [s. l.], v. 63, n. July, p. 101461, 2019. Disponível em: KARAKAYA, E.; HIDALGO, A.; NUUR, C. Diffusion of eco-innovations: A review. Renewable and Sustainable Energy Reviews, [s. l.], v. 33, p. 392–399, 2014. KINNUNEN, P. H. M.; KAKSONEN, A. H. Towards circular economy in mining: Opportunities and bottlenecks for tailings valorization. Journal of Cleaner Production, [s. l.], v. 228, p. 153–160, 2019.