Resumo

O problema central encontrado pelos diversos países do mundo quanto à questão climática é o financiamento dos seus projetos (BHUTTA et. al., 2022) e os green bonds representam uma das soluções mais promissoras na canalização de volumes de capital para esses projetos ambientalmente sustentáveis. É uma prática relativamente nova no ramo das finanças empresariais (FATICA, PANZICA, RANCAN, 2021) e, conforme Capriotti e Schmid (2017), o Brasil possui características naturais, geográficas, ecológicas e econômicas que possibilitam que o país seja um grande player do mercado de títulos verdes.

O presente estudo busca responder o seguinte questionamento: Qual foi o impacto da estratégia de emissão de Green Bonds sobre a rentabilidade corporativa das empresas Suzano S/A (SUZB3) e Klabin S/A (KLBN11) ? Destarte, o objetivo geral do estudo foi o analisar o impacto da adoção dessa estratégia empresarial na rentabilidade das empresas a partir de análises dos índices de rentabilidade (giro do ativo, margem líquida, rentabilidade sobre o ativo, rentabilidade sobre o patrimônio líquido) obtidos por meio da plataforma Economática. O período considerado foi o interstício de 2016 a 2021.

Estima-se que o valor a ser investido para cumprir as metas estipuladas no Acordo de Paris seja em torno de USD 100 tri (CBI, 2019). Num panorama em que há restrições quanto à disponibilidade e alocação de recursos públicos e questionamentos acerca de subsídios fiscais, a ampla participação do setor privado é imprescindível e o crescimento do mercado de green bonds é considerado um instrumento central para alavancagem da modernização (LAB, 2020). O Brasil é considerado o maior mercado da região América Latina e Caribe, com emissão acumulada de USD 10,3 bilhões em green bonds (CBI, 2022).

Trata-se de um estudo de múltiplos casos, descritivo, de natureza quantitativa, cujas fontes de pesquisa utilizadas foram a bibliográfica e documental. Buscou-se analisar o possível impacto da emissão de Green Bonds sobre a rentabilidade das empresas Suzano S/A e Klabin S/A, no período entre 2016 a 2021. Os dados econômico-financeiros foram coletados na plataforma Economática e analisados sob a perspectiva da rentabilidade (Giro do Ativo, Rentabilidade dos Ativos, Rentabilidade do Patrimônio Líquido e Margem Líquida).

Os resultados encontrados refletem uma certa estabilidade quanto ao Giro do Ativo; o ROA indicou um aumento do lucro entre 2016 e 2017; o valor do ROE decresceu entre os anos de 2016 e 2018; e a Margem Líquida também decresceu entre 2017 e 2020 - para ambas empresas. Considerando que as emissões de Green Bonds ocorreram nos anos 2016/2017 e 2017/2019, respectivamente, para a Susano S/A e Klabin S/A, os índices de rentabilidade obtidos não revelam, com exatidão, que exista alguma relação ou impacto entre a emissão de green bonds e rentabilidade empresarial.

Os indicadores financeiros foram, em sua maioria, desfavoráveis à performance das empresas, no período estudado. É possível que o investimento em projetos sustentáveis para financiamento da transição das empresas para um patamar de emissão de menor quantidade de carbono e para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis delineados na Agenda 2030, não reverteu, a curto/médio prazo, no aumento da rentabilidade empresarial das empresas estudadas em função de serem investimentos de longo prazo, conforme o estudo realizado por Gomes, Borsatto e Araújo (2022).

ALONSO-CONDE, Ana-Belén; ROJO-SUÁREZ, Javier. On the effect of green bonds on the profitability and credit quality of project financing. Sustainability, v. 12, n. 16, p. 6695, 2020. FATICA, Serena; PANZICA, Roberto; RANCAN, Michela. The pricing of green bonds: are financial institutions special?. Journal of Financial Stability, v. 54, p. 100873, 2021. GOMES, Túlio Gonçalves; BORSATTO, Jaluza Maria Lima Silva; ARAÚJO, Aracy Alves. Títulos Verdes e Desempenho: uma análise das empresas brasileiras de capital aberto. Ciencias da Administraçao, v. 24, n. 62, p. 140-151, 2022.