Resumo

As exigências por parte da sociedade fazem com que as organizações passem a seguir modelos de desenvolvimento sustentável, conciliando políticas econômicas e socioambientais. Assim, as empresas tendem a adotar medidas que as possibilitem agir de forma ambientalmente e socialmente correta, visando estabelecer uma imagem comprometida com a sustentação do meio ambiente e, consequentemente, obter diferencial competitivo (BORGES et al., 2018; LIED; BIANCHI, 2018). Neste contexto, a logística reversa é uma área que se relaciona com a sustentabilidade (XAVIER; CORRÊA, 2013; BEZERRA; FREITAS; 2017).

O presente estudo foi norteado pela seguinte questão: como as práticas de logística reversa contribuem para a sustentabilidade de uma empresa de acumuladores elétricos? Assim, o seu objetivo geral foi analisar as contribuições da logística reversa para a sustentabilidade de uma empresa de acumuladores elétricos. Para tanto, buscou-se: conhecer as práticas de logística reversa implementadas pela empresa; levantar as motivações que a levaram a implementá-las; identificar as dificuldades enfrentadas na implementação; e compreender os benefícios, relacionando-os com as três dimensões do TBL.

A sustentabilidade relaciona-se com o desenvolvimento econômico, a qualidade ambiental e a equidade social, buscando não pôr em risco os recursos naturais e considerando as necessidades da população (PEREIRA; SILVA; CARBONARI, 2011; SOUZA; RIBEIRO, 2013; ALMEIDA; AREND; ENGEL, 2018). Já a logística reversa consiste no processo de planejar, operar e controlar o retorno dos bens, desde o ponto de consumo até o de origem, a fim de recapturar valor ou fornecer uma destinação correta para os produtos inservíveis (ROGERS; TIBBEN-LEMBKE, 1999; DROHOMERETSKI et al., 2017; FERNANDES et al., 2018).

A pesquisa classifica-se como sendo aplicada, qualitativa, exploratória e descritiva, e constitui-se em um estudo de caso. Na coleta dos dados foram utilizados dois roteiros de entrevista semiestruturada: o primeiro com 02 gestores responsáveis pela área de logística reversa da empresa e o segundo com 01 representante da diretoria de sustentabilidade. As entrevistas ocorreram por meio da plataforma de videoconferência Google Meet. Os dados coletados foram tratados por meio da técnica de análise de conteúdo, seguindo as três etapas estabelecidas por Bardin (2016).

Verificou-se que a logística reversa é considerada a base da empresa, dando suporte ao pilar da sustentabilidade. O retorno logístico das baterias inservíveis ao ciclo produtivo da empresa caracteriza-se como sendo um canal de distribuição reverso de pós-consumo, que utiliza-se do subsistema reverso de reciclagem. A logística reversa da empresa ocorre em duas etapas: fábrica-distribuidores e distribuidores-revendedores.

As práticas da logística reversa na empresa tem proporcionado benefícios na dimensão ambiental da sustentabilidade relacionados à: redução na geração de resíduos, preservação dos recursos não renováveis, destinação correta dos componentes das baterias e diminuição da emissão de poluentes. Na econômica, tem auxiliado na redução de custos, melhorado a imagem da empresa e proporciona ganhos de competitividade. Já na social, tem possibilitado a criação de oportunidades de trabalho e incentivado a oferta de cursos na região, prezando pelo bom relacionamento com a sociedade.

AGRAWAL, S.; SINGH, R. K.; MURTAZA, Q. A literature review and perspectives in reverse logistics. Resources, conservation and recycling, v. 97, p. 76-92, 2015. COUTO, M. C. L.; LANGE, L. C. Análise dos Sistemas de logística reversa no Brasil. Eng Sanit Ambient, v. 22, n. 5, p. 889-898, 2017. LEITE, P. R. Logística reversa: sustentabilidade e competitividade. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. ROGERS, D. S.; TIBBEN-LEMBKE, R. S. Going backwards: reverse logistics trends and practices. Reno: University of Nevada, 1999.