1 - Paulo Henrique Bertucci Ramos Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - FEA/USP
2 - Ximena Alejandra Flechas Chaparro UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - FEA
Reumo
As transformações socioeconômicas do país e do mundo geram mudanças nos hábitos da população, e alimentação não é a exceção. A dieta de proteína tradicional baseada em cereais e legumes de várias regiões (especialmente na África e na Ásia) é cada vez mais escassa. Segundo Boland et al. (2013), existe no mundo uma tendência à homogeneização da alimentação similar aos padrões de consumo ocidentais, baseada em carnes, ovos e laticínios. Para responder as necessidades vários pesquisadores apontam que a incorporação de Novas Fontes de Proteína (NFP) é o caminho para responder à demanda.
O presente artigo visa responder à pergunta de pesquisa: quais são as perspectivas da proteína para o consumo no Brasil para o ano 2040. A partir de um pré-teste web-Delphi que contou com contribuições de diferentes atores do problema,
Atualmente, as Fontes de Proteína Tradicionais (FPT) dominantes que suprem a demanda mundial são: fontes de origem vegetal (57%), de origem animal (bovino, suíno e ovino) (18%), lacticínios (10%), peixes e mariscos (6%) e outros animais (anfíbios, insetos etc.) (9%) (Henchion, Hayes, Mullen, Fenelon, & Tiwari, 2017). No entanto, esta proporção está mudando, e estima-se que a demanda por proteína animal seja cada vez maior (van der Spiegel et al., 2013), exigindo uma revolução tecnológica para melhorar a eficiência da produção desta fonte de proteína.
No presente trabalho foram empregados a construção de cenários e web-delphi descrita por Spers, Wright e Amedomar (2013).
Foram identificadas 13 variáveis as quais foram avaliadas pelos expertos em relação ao grau de incerteza e importância para determinar os eixos de contrastação para a construção dos cenários. A partir das médias das respostas do Web Delphi construiu-se a matriz das incertezas críticas, dando como resultado a “Favorabilidade do consumo” e “Restrições de recursos” como os dois eixos de contrastação. Os cenários desenvolvidos foram: Cenário 1: “O fim do churras”, Cenário 2: “Proteína”, Cenário 3: “Churrasco 2.0 até o fim do mundo” e Cenário 4: “Proteína sustentável”.
Com o Web Delphi, também foi possível verificar quais as novas fontes de proteínas estão em etapa mais avançadas de desenvolvimento e adaptabilidade ao consumidor brasileiro. De acordo com os especialistas consultados, a utilização de “carnes vegetais”, seguida pela utilização de leguminosas são realidades a serem consideradas à curto prazo. Já o consumo de “carne in vitro” e insetos estão mais distantes, possivelmente devido a valores culturais e sociais da população brasileira.
Spers, R. G., Wright, J. T. C., & Amedomar, A. de A. (2013). Scenarios for the milk production chain in Brazil in 2020. Revista de Administração, 254–267.
Boland, M. J., Rae, A. N., Vereijken, J. M., Meuwissen, M. P. M., Fischer, A. R. H., van Boekel, M. A. J. S., … Hendriks, W. H. (2013). The future supply of animal-derived protein for human consumption. Trends in Food Science and Technology, 29(1), 62–73.
Henchion, M., Hayes, M., Mullen, A., Fenelon, M., & Tiwari, B. (2017). Future Protein Supply and Demand: Strategies and Factors Influencing a Sustainable Equilibrium. Foods, 6(7), 53.