Resumo

O Brasil possui mais de 3 mil Instituições cadastradas no e-MEC. Nestas IES o desenvolvimento da pesquisa científica é algo necessário para os avanços da educação e do país, e, para o desenvolvimento de cidadãos com pensamento crítico e reflexivo. Considerando que este desenvolvimento pode ser promovido diante da efetiva gestão de conflitos (SHETACH, 2012), chama a atenção a constatação de Moreira (2012) de que nestes espaços geralmente opta-se por evitar os conflitos, deixando de lado a oportunidade de usar o conflito de maneira funcional, para crescimento e desenvolvimento das equipes.

Nos grupos de pesquisa, docentes são designados como coordenadores(as) ou orientadores(as) devido a função de liderarem equipes, sendo, com isso, necessária a atenção ao melhor entendimento e gerenciamento das pessoas e dos conflitos (KAYANI; KIRAN, 2019) para assim transformá-los em conflitos funcionais, fomentando e enriquecendo o desempenho dos grupos. O objetivo é investigar a percepção de discentes e docentes a respeito das principais fontes dos conflitos que podem ocorrer entre equipes que integram grupos de pesquisa.

O conflito é algo natural e inevitável nas relações humanas, sendo resultado das interações entre dois ou mais indivíduos ou grupos que buscam atingir seus objetivos (RAHIM, 2011). Entende-se que o(a) docente orientador(a), assim como os(as) coordenador(a) de grupos de pesquisa cientifica atuam como líderes e por isso requer que tenham conhecimento e habilidade para gerenciar as equipes e os conflitos de forma que os conflitos tenham resultados positivos e acarretem no desenvolvimento do próprio grupo assim como de cada um(a) dos integrantes (FERREIRA; FURTADO; SILVEIRA, 2009).

A pesquisa foi direcionada para grupos de pesquisa de IES brasileiras, públicas e privadas, utilizando um questionário online, com doze perguntas de múltipla escolha para conhecer o perfil dos respondentes e suas percepções sobre a gestão de conflitos, baseando-se na descrição de conflitos por Redorta (2004) e nos estudos de Moreira (2012), Robbins (2005) e Silva et al. (2021) e uma pergunta de resposta descritiva para relatos de algum tipo de conflito vivenciado. Para avaliação dos resultados foi utilizada a abordagem quantitativa, adotando-se a estatística descritiva (Gil, 2008).

Dos 159 respondentes, 98,7% concordaram em participar. Destes, 60,5% foram do sexo feminino, maioria de discentes de pós-graduação e de IES públicas da região Sudeste. Mais de 50% acreditam que os conflitos são negativos e devem ser evitados. Para os discentes a variável “competição” é o principal fator de conflito, seguida da “falha de compreensão” e “falhas no estabelecimento de limites”. A maior parte não sabe como os conflitos são solucionados dentro da IES e os relatos mostram que muitos conflitos não foram solucionados de maneira positiva.

As falhas de comunicação, dificuldade em estabelecer limites e a competição são apontadas como as principais fontes de conflitos interpessoais, destacando-se também as relações entre discentes-discentes como as mais conflituosas. Conflitos são ainda vistos de forma tradicionalista, que devem ser evitados por serem considerados negativos, dificultam o desenvolvimento da criatividade e evolução do grupo anulando a possibilidade de utilizar as situações conflitantes para apreensão de alguma lição construtivista.

MOREIRA, K.D. A mediação como método de resolução de conflitos interpessoais na Universidade Federal de Santa Catarina. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração Universitária). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil, 2012 SILVA, T.F.C.; ARAGÃO, J.M.C.; OLIVA, E.C.; KUBO, E.K.M.; CORCINO, K.F. Conflitos interpessoais entre professores e estudantes universitários: o que pode fazer a gestão universitária? Revista Gestão Universitária Na América Latina – GUAL, v.14, n.2, p.119–141, 2021