Resumo

A empresa Vale do Rio Doce foi criada em 1942 como sociedade anônima de economia mista, sendo privatizada no ano de 1997. A companhia opera em 30 países produzindo níquel, carvão, cobre, manganês, ferroligas, minério de ferro e pelotas. Em 2019, uma barragem da mineradora, no município de Brumadinho, rompeu e causou um dos maiores desastres ambientais do Brasil, o que pode afetar a reputação da empresa e sua legitimação perante a sociedade para continuar existindo.

O artigo tem como problema de pesquisa: Quais os efeitos do desastre de brumadinho sobre a reputação corporativa da empresa Vale do Rio Doce S.A, no período de 2017 a 2021? Para tanto, define-se como objetivo geral: analisar o reflexo na reputação da Vale S.A. antes e após do rompimento da barragem de Brumadinho, à luz das dimensões: empresa, mídia, academia, sociedade e pelo limite entre a empresa e a sociedade.

A teoria da legitimidade preceitua que as firmas não são proprietárias dos recursos da sociedade, portanto elas precisam do consentimento da comunidade para legitima-las e permitir a continuação de suas operações. Nesse sentido, para obter a legitimidade, as empresas precisam possuir uma reputação favorável, sendo que esta é constituída a longo prazo e é resultante de um conjunto de imagens transmitidas pela comunicação corporativa, que à luz da teoria da ação social, corresponde a um comportamento de fachada da organização (ALVES; CARNEIRO; PAIVA, 2020; BERNARDON; LOPES, 2018; GOFFMAN, 1985).

O estudo analisa a reputação da empresa em cinco dimensões no período de 2017 a 2021. Cada dimensão possui sua própria forma de análise de dados, sendo que foi realizada uma análise de conteúdo dos relatórios da companhia na dimensão empresa, uma pesquisa bibliométrica na dimensão academia, uma coleta e análise de notícias na dimensão mídia, uma análise, com dados coletados no site google trends, sobre o interesse de busca da companhia por internautas na dimensão sociedade e uma observação do comportamento das ações no limite entre as dimensões empresa e sociedade.

Na dimensão empresa, os relatórios de 2018 detalhavam o desastre e em 2020 a empresa apresentou um otimismo ao enfatizar o seu acordo para reparar as vítimas. Na mídia, houve um aumento de notícias negativas sobre a empresa em 2019, mas nos anos posteriores esse crescimento foi atenuado. Na academia, a maioria dos artigos tinham efeito negativo sobre a reputação da entidade. Na sociedade, houve uma concentração de interesse na companhia em 2019. No limite entre a empresa e sociedade, o desastre afetou a reputação da Vale no curto prazo.

O estudo atingiu seu objetivo ao analisar o impacto do desastre de Brumadinho sobre a reputação da Vale S.A. Percebeu-se uma sinergia entre as dimensões, sendo que em todas elas se observou um comportamento de que nos anos anteriores ao desastre, a companhia possuía uma reputação que garantia sua legitimidade e, no ano de 2019, essa reputação foi afetada, mas a comunicação organizacional da mineradora, aparentemente, conseguiu recuperar sua reputação e manter a legitimidade para continuar operando.

ALVES, F. I. A. B.; CARNEIRO, C. M. B.; PAIVA, D. A. Os efeitos do desastre ambiental de Mariana sobre a reputação da Samarco Mineração S.A. Reunir: Revista de Administração, Contabilidade e Sustentabilidade, [S. l.], v. 10, n. 4, p. 69-89, 2020. BERNARDON, P. S.; LOPES, E. L. Os Antecedentes da Lealdade em um Contexto de Crise Econômica: Um Estudo de Caso em uma Loja de Roupas Infantis . Revista de Administração da Unimep, v. 16, n. 1, p. 121-150, 2018. GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. 10. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2002.