Resumo

O conceito do Tripé da Sustentabilidade, sendo este um caminho para a gestão e o desenvolvimento serem realizados visando as dimensões econômicas, sociais e ambientais. A busca pela sustentabilidade aumenta as uma vez que estratégias e rotinas para alcançar objetivos imediatos enfatizam a estabilidade, eficiência e produção, enquanto a ênfase na mudança, inovação e desenvolvimento possibilitam o futuro (LEWIS; SMITH, 2014). As tensões de sustentabilidade podem ser classificadas em tensões de ganha-ganha, de trocas, integrativas ou paradoxais (VAN DER BYL; SLAWINSKI, 2015; SEHNEM et al. 2020).

Considerando o apresentado, o objetivo desse trabalho é: Analisar as tensões da sustentabilidade nas práticas de uma empresa de serviço de saneamento. Este objetivo desdobra-se nos objetivos específicos: i) identificar as tensões da sustentabilidade; e ii) classificar as tensões da sustentabilidade em suas diferentes abordagens (i.e., ganha-ganha, de trocas, integrativas ou paradoxais). Por sua vez, a pergunta de pesquisa contempla um questionamento exploratório que busca entender: Quais são as tensões da sustentabilidade em práticas de sustentabilidade uma empresa de serviço de saneamento?

A Sustentabilidade Corporativa (SC) está relacionada com a entrega de valor de longo prazo por empresa em termos financeiros, sociais, ambientais (TBL). A SC está repleta de tensões à medida em que as empresas procuram equilibrar objetivos econômicos, sociais e ambientais frequentemente divergentes (VAN DER BYL; SLAWINSKI, 2015). As tensões de SC ocorrem entre diferentes níveis (SEHNEM et al., 2019), aparecem como problemas organizacionais que precisam de soluções (LEWIS; SMITH, 2014) e emergem do processo, da operacionalização e das práticas de sustentabilidade (SEHNEM et al., 2020).

A metodologia para a pesquisa foi qualitativa, exploratória e descritiva. Quanto ao escopo do estudo de caso, é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto de vida e, quanto a metodologia, o estudo de caso enfrenta uma situação única, que haverá mais variáveis de interesse do que ponto de dados (GODOY, 2006). O estudo de caso foi realizado em empresa de saneamento atuante no estado de São Paulo, referência no seu setor, determinada como a unidade de análise da pesquisa. A relevância do setor é justificada de acordo com os ODS propostos pela ONU.

Na análise das tensões paradoxais de SC encontradas nos principais projetos, programas e práticas de sustentabilidade do caso em análise, foi mapeado que os principais paradoxos identificados são os paradoxos de metas - desempenho, demandas de partes interessadas (PI), ambos na dimensão de desempenho e paradoxos de agendas organizacionais – inter e intra na dimensão organizacional. Em uma análise mais ampla, considerando todo o estudo de caso, foram identificadas tensões nas 4 abordagens de tensões, sendo elas abordagem de desempenho, organizacional, aprendizagem e pertencimento.

No olhar para o TBL, o pilar ambiental resultou com maiores identificações de tensões e, no olhar para abordagens, a que se destaca com mais tensões é a abordagem organizacional. Para o atendimento do segundo objetivo específico, foram consideradas as abordagens ganha-ganha, trade off, integrativa e paradoxal, tendo como resultado das análises, a abordagem paradoxal foi identificada como a abordagem mais relacionada com a forma de gestão da organização. Este trabalho teve a intenção de produzir o conhecimento sobre as tensões em empresa de saneamento.

HAHN, Tobias et al. Tensions in corporate sustainability: Towards an integrative framework. Journal of Business Ethics, v. 127, n. 2, p. 297-316, 2015. LEWIS, Marianne W.; SMITH, Wendy K. Paradox as a metatheoretical perspective: Sharpening the focus and widening the scope. The Journal of Applied Behavioral Science, v. 50, n. 2, p. 127-149, 2014. SEHNEM, Simone et al. Sustainability Tensions: Idiosyncrasies Present In The Brumadinho Dam Tragedy In The Perception Of Different Stakeholders. Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental, v. 9, n. 0I, p. 392-436, 2020.