Resumo

Empreender exige habilidades e competências técnicas, sociais e emocionais para que a condução do negócio não interfira na vida pessoal do empreendedor. Esses requisitos aplicam-se a todos os gêneros. Todavia, a mulher ainda acumula a maior parcela das atribuições domésticas, o que potencializa os seus conflitos trabalho-família. Para superar esta problemática, a mulher pode contar com uma rede de apoio social, constituída por familiares, amigos, equipes de trabalho, comunidades, instituições sociais, entre outros interessados que tenham o objetivo de apoiá-la e incentivá-la.

O presente estudo se propôs analisar como as redes de apoio social das empreendedoras aracajuanas do segmento de alimentos e bebidas atuam no âmbito dos conflitos decorrentes da relação trabalho-família. Para tanto, respondeu ao seguinte problema de pesquisa: Como as redes de apoio social das empreendedoras aracajuanas do segmento de alimentos e bebida atuam no âmbito dos conflitos decorrentes da relação trabalho-família?

Para atenuar este desafio dos conflitos trabalho-família no âmbito do empreendedorismo feminino, as redes de apoio social, compotas por diversos atores, funcionam como forma de (1) reduzir o impacto dos riscos, fato que altera a exposição da pessoa à situação adversa; (2) reduzir as reações negativas em cadeia que seguem a exposição do indivíduo à situação de risco; (3) estabelecer e manter a autoestima e autoeficácia, através do estabelecimento de relações de apego seguras e o cumprimento de tarefas com sucesso; (4) criar oportunidades para reverter os efeitos do estresse.

A pesquisa possui natureza exploratória e abordagem qualitativa. Como estratégia foi adotada a pesquisa de campo. A coleta dos dados foi realizada junto a quatro empreendedoras e ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas. A escolha das empreendedoras entrevistadas se baseou nos seguintes critérios: a) ser proprietária de um negócio no segmento de alimentos e bebidas; b) ser proprietária de um negócio formalizado; c) ser proprietária de um negócio criado e operante em Aracaju. Os dados coletados foram tratados por meio da técnica Análise Narrativa.

A pesquisa de campo apontou que as empresárias entrevistadas, em sua maioria, priorizam o trabalho. No entanto, o desejo delas era de focar em seu seu autocuidado, saúde e bem-estar. Essa divergência entre o real e o desejado foi a base do conflito trabalho-família das empreendedoras. As redes de apoio social das empresárias forneceram apoio emocional, informacional e instrumental. Esses apoios permitiram reduzir e compartilhar os problemas originados do conflito trabalho-família.

A multiplicidade de papéis desempenhados pelas entrevistadas promove conflitos trabalho-família. O estresse, falta de tempo e falta de qualidade da presença são problemas derivados dessa situação. Para atenuar os conflitos trabalho-família as empresárias utilizaram suas redes de apoio social. Essas redes são compostas por diversos atores com vínculos familiares ou trabalhistas. Nos casos estudados foi evidenciado que redes de apoio social não extinguiram o conflito trabalho-família. No entanto, tais redes permitiram o compartilhamento e redução dos conflitos vivenciados pelas empresárias.

BARBOSA, H. M. A.; et.al. Gerenciando o conflito trabalho-família no empreendedorismo feminino: evidências de um estudo com microempreendedoras individuais. Revista de Gestão e Secretariado, v. 12, n. 2, p. 94–121,2021. GREENHAUS, J. H.; BEUTELL, N. J. Sources of Conflict Between Work and Family Roles. Academy of Management Review, v. 10, n. 1, p. 76-88, 1985. NALDI, L., BAÙ, M., AHL, H; MARKOWSKA, M. Gender (in) equality within the household and business start-up among mothers. Small Business Economic, n. 56, 2019.